Bem cedo, num dia em que o sol já mantinha os seus raios luminosos, bem aquecidos, a iluminar mais nascer de dia, na vida de cada pessoa, dou comigo a despertar, antes da hora prevista pelo despertador, e a começar mais este novo dia, que me é apresentado.
Desta vez, ele começara bem diferente do habitual, pois o calor matinal, fora de época, convidou-me para uma saída da rotina, bem antes do trabalho.
Tirei um tempinho, só para mim!
O dia estava maravilhoso com um sol, bonito e quente, a despertar os passarinhos em cantos de alegria, e com as árvores a dançar ao som dessa melodia, com as suas folhas primaveris.
Tudo brotava harmonia e vida!
Depois de uma, bela e saudável, caminhada a pé, pela cidade barulhenta, dou comigo sentada numa esplanada, a saborear o tempo, acompanhada de um curtíssimo e forte café.
Enquanto isso, e em contradição ao meu estado de espírito, calmo e sossegado, passam por mim pessoas numa correria, constante e frenética, ansiosas em chegar aos seus locais de trabalho.
No entanto, e apesar daquele cenário stressante, não me deixo abater nem afectar pelo turbilhão de estados de espírito e de sentimentos.
Muito pelo contrário, deixo-me ficar na minha pacificidade, enquanto observo atentamente, a cada segundo, o stress a guiar cada pessoa.
Idosos, adultos, adolescentes e crianças, todos passam por mim, e olham-me como uma estranha.
Olham-me como mais uma, mera, pessoa à face da Terra.
Contudo, mesmo que eu lhes pareça uma estranha que, simplesmente, toma o seu café numa esplanada, todos eles têm um significado para mim.
Um significado, meramente pessoal, que começa pelas crianças e adolescentes, passando pelos adultos e que terminando nos idosos.
As crianças, porque me levam à infância, que um dia eu vivi.
Uma infância, onde os momentos eram vividos na partilha de emoções, entre brincadeiras e aventuras. Algo típico da inocência da idade, onde as responsabilidades não passavam de um simples escovar de dentes, e de um arrumar de brinquedos após um dia, cansativo, de brincadeiras e aventuras.
Uma época, em que somos o centro das atenções, de tudo e de todos.
Passada esta fase, deixamos de ser apenas crianças, e tornamo-nos crescidos.
É chegada, então, a adolescência.
Tempo, em que as brincadeiras já se tornam menos frequentes e mais crescidas.
Os adolescentes, levam-me a recuar um pouco no tempo, lembrando e recordando a época da adolescência, onde já se começava a desenhar, em rascunhos, o caminho da vida e de um futuro.
Aqui, as responsabilidades já se tornam mais significativas, que vão de um obter de boas notas nos estudos, passando pelo ajudar nas tarefas familiares, e de um chegar sempre a horinhas a casa, quando começam as saídas com os amigos.
Responsabilidades básicas que, naqueles tempo, eram motivo de contestação e birra, mas que com o passar do tempo tomamos consciência que são um treino, saudavelmente fácil, para o que nos esperava a seguir.
É uma época, em que já não somos o centro, total, das atenções, mas sim o começo de uma partilha de atenções para com as pessoas que caminham ao nosso lado, e que marcam a nossa fase da adolescência.
Passada a adolescência, encontro-me a olhar para os adultos.
Fase, em que todas as responsabilidades se multiplicam e dificultam.
Um tempo, em que nós dependemos de nós mesmos, e onde a nossa independência é influenciada pelo assumir e cumprir de responsabilidades.
Aqui, somos nada mais, nada menos, que lutadores do jogo da vida. Lutamos, diariamente, para atingir os nossos objectivos e é chegada a altura em que começamos a construir as bases, sólidas, da nossa vida para um futuro.
Inspirado em todas as aprendizagens e vivências, adquiridas ao longo do tempo.
Já não somos o centro das atenções, e a partilha dessa mesma atenção acentua-se, pelo compromisso de cada relação.
Seguida essa estação, chegamos a um patamar, hierarquicamente, superior a todos os outros.
Um patamar, em que a vida já se tornou em algo que nos é mais conhecido, do que qualquer outra coisa, de tão grandioso ser o acumular de experiências.
Os idosos, são seres sábios no que diz respeito à ciência da vida.
Ninguém, melhor que eles, sabe o que é realmente a vida, e o que é lutar por ela.
Agora, vejo-me a olhar para um idoso que, calmamente, passa por mim. E, ao olhar-me solta um simples, mas honesto, sorriso.
Enquanto isso, sinto o quanto me orgulho em ver que aquele idoso, como outros tantos, sobreviveu vitoriosamente às dificuldades, e aos obstáculos da vida.
Para, no final, poderem deixar as responsabilidades, de outros tempos, de lado, e viver com aquilo que construiu e adquiriu, ao longo da vida.
Sabedoria, vivências e vitórias.
São os troféus recebidos, nesta vida que, a cada dia que passa, nos dificulta cada vez mais os passos dados na nossa caminhada.
Nesta fase final, não recordo o passado, pois ainda não me pertence, mas penso e imagino o futuro.
O futuro, em que eu serei mais uma idosa, no grupo dos idosos.
O que serei?
O que terei?
Como parecerei?
Bem, isso só saberei daqui a uns longos anos, e se Deus assim o permitir.
Até lá, vou vivendo o presente com base nas aprendizagens do passado, e sempre com o pensamento no futuro.
Futuro esse, em que eu serei, quem sabe, mais uma vitoriosa neste jogo. No jogo da vida!
Marta Costa